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sábado, 12 de fevereiro de 2011

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Homilia no VI Domingo do Tempo Comum A 2011 Sexta, 11 Fevereiro 2011 18:40

Ouvimos hoje o Sermão da Montanha, a duas vozes! E, por quatro vezes, fomos desafiados a superar a lógica rendimento mínimo moral, para aceitar o desafio da perfeição, na base daquele amor, que não conhece limites!

1. A primeira, era a voz do que foi dito pelos antigos. Era, por assim dizer, a voz rude e sábia do Antigo Testamento… “Ouvistes o que foi dito aos antigos”… E essa voz recordava-nos palavras tiradas da Lei, dos primeiros cinco livros da Bíblia. Palavras simples, disposições básicas, comportamentos morais que nos colocam no mínimo da exigência, para uma convivência sã e respeitosa entre pessoas: «não matarás, não cometerás adultério, não cederás ao divórcio, não jurarás falso». Cumprir estes mandamentos garante o mínimo de decência e de respeito pela dignidade de cada pessoa. Cumpri-los é entrar já na estrada plana da liberdade, mas não é ainda escalar toda a alta montanha da santidade!

2. Outra voz, é a própria Palavra, em pessoa! Palavra que soa e ressoa e vai certa e directa ao coração de cada pessoa. É Jesus, que nos fala. Jesus é o rosto visível da Palavra definitiva de Deus. Jesus é a palavra-chave, sem a qual não se entendem todas as outras palavras. “Eu, porém digo-vos”. Jesus não apela aqui para Moisés, como os escribas, nem apela para Deus, como Moisés e os profetas! A sua própria pessoa torna-se a norma e a fonte da moralidade: «Eu, porém digo-vos». Nenhum mestre da Lei, no tempo de Jesus, se permitiria elevar-se a tal categoria. Jesus ensina como quem tem autoridade (Mt.7,28) e não como os rabinos, mais dotados de habilidade. Jesus coloca-se assim ao nível de Deus. Não revoga a Lei antiga, mas interioriza, personaliza, aprofunda e radicaliza as suas exigências. Para o discípulo, a perfeição da santidade já não se reduz a cumprir a Lei, mas consiste em seguir Jesus, no caminho do amor, da cruz e da ressurreição!

3. E o que é Jesus nos diz afinal?

3.1. Diz-nos que não se mata só com a extrema violência dos gestos. Pode matar-se com a ira, a irritação, a agressividade das palavras, dos juízos, da difamação… Pode destruir-se uma vida, mesmo sem a matar. Às vezes uma só palavra, dura ou injusta, falsa ou agressiva, é como uma pedra, que tem o poder de destruir uma vida. Pelo contrário, um passo em direcção à reconciliação, pode fazer e refazer toda uma vida! Trata-se enfim de viver a bem-aventurança da mansidão!

3.2. E o que é que nos diz Jesus em segundo lugar? Diz-nos que não basta a um homem e a uma mulher respeitarem-se, observando direitos e deveres conjugais! É preciso que cuidem um do outro, que se amem, de todo o coração, com toda a alma, que se amem, com o olhar puro, de mãos dadas!

3.3. Mais: Jesus propõe-nos a bem-aventurança da pureza de coração e adverte-nos para o risco do olhar impuro, que está na origem de qualquer desvio do amor. Quem não cuidar do olhar, quem não prevenir e corrigir as astúcias do seu próprio coração, pode deixar entrar nele o veneno que destrói o amor! Perante imagens e recursos, que hoje a internet e a televisão nos oferecem, é preciso ter a coragem de “cortar”, não o olho ou a mão, mas de cortar a cena, a imagem ou o filme; trata-se de evitar o simples toque digital, que nos abre a janela da infidelidade, e que expõe a vida ao risco da separação! Um jornal diário referia há dias o aumento dos divórcios, causados pelo mau uso da internet e dos contactos facilitados pelas novas redes sociais. Está anunciado, para breve, a exibição no cinema de um filme, com um título sintomático: “Sexo sem compromisso”! Ora, nós devíamos ter a coragem de renunciar a alguns instrumentos de comunicação, se não somos capazes de os utilizar bem. É necessário, pois, vigiar sempre sobre a pureza de coração, para que não venham a acontecer transferências afectivas, com consequências graves!

3.4. E o que é que mais nos diz Jesus? Diz-nos que não basta mentir ou faltar ao juramento. A palavra que sai dos nossos lábios deve estar de acordo com a verdade que brota do coração. Jesus pede que a nossa linguagem seja sincera, verdadeira, transparente e que não deixe margens para dúvidas: “sim, sim, não, não”. Há que dizer sempre a verdade e manter a fidelidade à palavra dada!

4.Bem vedes: esta segunda voz é mais exigente que a primeira. Não se trata, porém, de uma sobrecarga de trabalhos, no esforço moral, de cada dia. Trata-se de amar e de seguir Jesus no seu caminho do amor! Ele que caminha connosco, há-de dar-nos a «sabedoria e o entendimento, para guardar a sua Palavra e a graça para a cumprir de todo o coração e ser fiel até ao fim» (cf. Sal.118,33-34)!

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